terça-feira, 18 de março de 2014

---| Caravana Peabiru CONTA 1CONTO |--- 01 - Isso não vai ficará assim!

         Hoje acordamos em São Paulo, não apenas no estado, na cidade grande. Saímos de Florianópolis acreditando que nosso principal meio de locomoção seria os caminhões. Isso pode vir a ser, mas até agora não foi. Até o momento em que o lápis risca esse papel, nos movimentamos principalmente por ônibus. Apenas a estreia, a estreia sim, essa foi caminhoneira. Com um caminhão de bananas, nada mais original para um leitor do hemisfério norte. Esse punhado de bananas sobre rodas nos levou do SEASA de Florianópolis até Tijucas. Não foi uma grande distancia, mas um bom início.
         Uma coisa percebemos. Caminhoneiros são otimistas em relação a carona. Tão otimistas que superam de longe a realidade. E foi assim, seguindo esse otimismo, que descemos em nosso primeiro posto de gasolina em Tijucas. Final de tarde calorento, esticamos nossos braços, levantamos nosso polegares e nossa placa: Itajaí. O tempo passou no posto, e logo estávamos num pasto dentro da barraca. Apesar de termos ficado 30 min. sorrindo para carros e caminhões, a única coisa que pegamos foi uma chuva forte e passageira.
         Acordamos, desmontamos acampamento, e seguimos novamente para o posto. Mais uma manhã de tentativa e fracasso. Os frentistas já desconfiavam. Quem são esses despossuídos peregrinos? Assim surgiu o repúdio em seus semblantes. Sentimento que nos fez desistir desse posto e caminhar até a rodoviária. Foi o primeiro sinal de que carona de caminhão não é tão fácil. Pelo menos em nossas condições morfológicas, sem as características que formam um corpo dito feminino. Já na rodoviária gritei aos ares, após retirar nosso escasso dinheiro para a passagem: ''Isso não ficará assim!'' Como se nossa situação fosse personificada em um inimigo que rouba nossas economias.
        Com o ônibus chegamos até Itajaí. Perambulamos pela cidade, procurando um local para apresentarmos nosso teatro. Escutamos um taxista contar uma história que desprezava os manipuladores da fé e defendia os ateus. Pensamos nele como uma pessoa sensata, e seguindo seu conselho fomos para uma praça nas proximidades. O taxista pintou a praça com árvores grandes, quadras poliesportivas e pistas de caminhada,tudo isso intensamente frequentado por pessoas em busca de lazer. Ao chegarmos comparamos a pintura com o que nossa percepção captava. Sim, havia tudo aquilo que ele indicou, porém tudo coberto de degradação. As pessoas que estavam na praça habitam o outro lado do turismo. O lado proletário. Isso não impede nossa apresentação, o número de pessoas que impediu. Haviam cerca de dez, despeças entre consumidores de cânhamo e jogadores de dominó. Desistimos da apresentação, dormimos, atravessamos a rua para usar o banheiro perfumado de uma rede de supermercados, e decidimos seguir viajem.  Um pai que brincava com seu filho, nos indicou o centro de assistência social, que fica na rodoviária, disse que lá conseguiríamos abrigo.
         Seguimos até a rodoviária, e no caminho demos um tiro certeiro no escuro, pedimos almoço num restaurante, entre muitos, e recebemos comida para uma família de retirantes. Levamos as marmitas cheias e fizemos a refeição na rodoviária. O referido centro de assistência social estava fechado, havia apenas outra assistência social, a fardada, que dispensamos rapidamente. Sem assistência, fomos caminhando com nossos próprios pés, nada mais digno, atrás de um posto, uma espécie de El dourado da carona. 

[Continua]

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Neste final de semana tem folia Peabiru em Curitiba!

01/02 às 20h
Villa Bambu Cantina
Endereço: Trajano Reis, 58 - São Francisco, Curitiba - Paraná, 80510-220
Telefone: (41) 3324-9514

*01/02 às 23h30
Sociedade Opertária Beneficiente 13 de Maio
Rua Desembargador Clotário Portugal, 274 -  Curitiba - Paraná, 80410-220
Telefone: (41) 9198-6607

02/02 às 20h
Old's Pub
Endereço: R. Paula Gomes, 405 - São Francisco, Curitiba - Paraná, 80510-070
Telefone:(41) 3232-3742
http://oldspub.blogspot.com.br
(Abertura do local às 19h, com início da apresentação às 20h.)


Evento no FACEBOOK:
https://www.facebook.com/events/1400409710213275/

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Encontro entre Peabiru's

en.con.tro: s.m. Ato ou efeito de encontrar.
Casual posição face a face com uma pessoa ou coisa. Colisão de dois corpos: encontro de veículos. Combate imprevisto entre duas tropas em marcha. Competição esportiva. Luta. Duelo.
Confluência de rios. Achado. Ponto de articulação das asas das aves com o rádio e o cúbito.
Encontro de contas, acerto.
loc. prep. Ao encontro de, à procura de, a favor de.
loc. prep. De encontro a, contra, em oposição a.


         Encontros de significados que nos encontram, estabelecem e modificam. Desses encontros ocorridos em nosso pequeno tempo de vida um deles, agora, vai além da lembrança para se fixar na memória do papel (digital).
         O texto presente na Revista Peabiru da UNILA | Universidade Federal da Integração Latino-Americana foi escrito à partir da apresentação de nosso trabalho, 'Aquilo era só índio e bicho, lá no fundo do sertão', na Lagoa da Conceição, no final do ano passado:


         O PeabiruTeatro agradece à equipe da Revista Peabiru, principalmente a coordenadora pedagógica Débora Cota, que presenciou o trabalho em Florianópolis e escreveu o texto.
 A revista saiu às vésperas do início da caravana, deve ser bom sinal. Que os caminhos entre esses Peabiru's se cruzem logo mais, desta vez, em Foz do Iguaçu.

2ª Feira do Cacar-Eco

         Das ideias e vontades que um dia pareciam tão próximas, distante foram ficando, agora, ressurgem. Não temos como prever o imprevisto, e sim aproveitar os momentos com aquilo que se tem. Mas que na maioria da vezes passam desapercebidos. Di-la-ta!
         A construção do nosso trabalho começou e e assim permanece: construindo e des-continuando os caminhos. Durante a nossa última apresentação em Florianópolis, que a emergência foi atendida. Realizada pela CuCa De Ideias Biblioteca, a 2ª Feira do Cacar-Eco, que aconteceu domingo, 19, nas Areias do Campeche foi o espaço consagrado para colocar em prática a nossa ideia de oficina com o Povo antes da Folia. No caso, entre prosas e viola emergiu uma mini-oficina com pessoas da própria comunidade, lá passamos as músicas do nosso cortejo, melodia e letras.
         Iniciando o cortejo do setor de hortifruti de um supermercado local, junto aos `novos foliões` seguimos pelos corredores de mercadorias, até chegar aos caixas. Convidando os clientes para a nossa Folia, realizada do outro lado da rua.
           Entre erros e acertos, este início, como aconteceu foi um grande erro acertado. A oficina foi de tamanha importância para nós. Ampliando o nosso olhar sobre o trabalho, e suas multi possibilidades de existir. Estar atento ao que está ali, em espera, compartilhar o momento não só durante as brincadeiras, mas fazer de outro o nosso companheiro de cena, ara!
           Agradecemos ao Mc Cacau e Tereza pelo cortejo de cordas. E a Nanci e Claudia que levam lindamente este projeto da Biblioteca comunitária no bairro das Areias e da Feira. Obrigado pelo convite meninas! Ações de resistência como esta que admiramos e desejamos ad infinitum,  a fim de se tornar mais forte e consistência. Vida longa ao CuCa De Ideias!

Hasta povaréu!

sábado, 18 de janeiro de 2014

Reflexão

Pau, corda, terra, sangue, suor e seiva. O que é o sertão? Existe o sertão no velho mundo? O índio é um sertanejo? São costumes ocidentais nos trópicos? A exaustão do homem pela “limpeza” de um terreno que sempre volta a se sujar de plantas vigorosas, animais astutos e pestes atéias, que nunca estiveram no Egito. Essa labuta sai em belo gemido que se perde na solidão. Os templos estão além mar, mas os sinos ainda batem nas têmporas e enrijecem os valores, imunes as intempéries tropicais. Os valores escritos em pedra fria são carregados no lombo queimado de sol. E sim, esse lombo sente, sofre, se esgota, e irá tombar como tantos outros. Porém a procissão não irá parar, haverá outro para carregar a pedra. “Quando passou por aqui, abriram uma picada no mato, depois alargaram o caminho e botaram piche. Agora viro isso, tem nem mais como travessa.”   

Apresentação na Bodega Cultural

      

        A nossa primeira apresentação em espaço fechado ocorreu no dia 16/01, na Bodega Cultural. Fomos muito bem recebidos pela Mariah e pelo Cris, além de ter rolado um diálogo massa com a banda JãoBalaio. Assim essa noite foi fluída, havendo uma boa combinação de teatro e música. Valeu pessoal!
      O espaço pequeno nos permitiu transbordá-lo com cantos e brincadeiras. A piraíba puxou forte como nunca e fez o Joãod’orgulho passar trabalho. O rio Itararé corria com águas dançantes e brincalhonas. Entre os brincalhões e as brincalhonas, havia muitos rostos desconhecidos, fato que muito nos agrada por enriquecer o encontro. Mas lá também estavam rostos conhecidos de nossos amigos, trazendo seus últimos desejos de boa viajem para a embarcação peabiruteatro.
       

      Ficamos muito felizes de receber o retorno positivo da Thais Carli e da Nathalie Soler. Pessoas do teatro que admiramos muito. Isso ai galera, em breve mais informações de nossas peripécias.

*Registros realizados pelo pessoal da Bodega podem ser vistas pelo link no Facebook: https://www.facebook.com/media/set/?set=a.577985052293998.1073741834.535660979859739&type=1


quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Brincantes

       Olá pessoal! Na sexta feira dia 10/01, nossa peça se transformou numa folia. Depois de nossa apresentação na feira da lagoa, nos encontramos com Rodrigo Benza em um sítio na Costa de Dentro, local inspirador para nosso processo, com uma linda floresta de árvores de grande porte, nos transportando à um passado remoto de nossa ilha. Passado cada vez mais distante com o novo plano diretor de Florianópolis, mas vamos deixar o plano para outra conversa. Nesse encontro com Rodrigo, refletimos sobre nossas apresentações e percebemos que nelas haviam muitos dispositivos para brincadeiras que não estavam sendo acionados. Brincadeiras que possibilitariam uma interação nossa com o público a ponto de nos fundirmos, quebrando a tradicional divisória "palco plateia".
       Então mãos a obra. Começamos a pensar como acionar esses dispositivos e descortinamos um caminho para o acontecimento da brincadeira. Mas como saber se esse caminho funcionaria mesmo? Como ensaiar uma brincadeira com o público sem o público? Impossível! Então decidimos que nosso ensaio seria em nosso encontro com o público, no dia 10/01, no hostel do trevo da armação. Frio na barriga perante ao inesperado, modificações, transformações, o novo nos aguardava, mas o pensamento claro de que lidar com isso é a nossa busca.
        Iniciamos nosso cortejo na frente da Igreja da Armação. Fomos caminhando e cantando com mais pessoas que formavam nosso cortejo. Entrávamos em estabelecimentos comerciais, cantávamos causando dúvida nos fregueses, turistas dos mais diversos lugares. Seguindo o cortejo, chegamos ao Hostel do trevo da armação. Lá estava acontecendo uma festa, quando chegamos o som enlatado foi desligado, cantamos e demos continuidade a apresentação. Nesta noite testamos muitas coisas que antes estavam em anotações de papel ou em nossas cabeças. Saímos de nossa zona de conforto em direção a surpresa. E que bela surpresa!! As brincadeiras funcionaram, "palco e plateia" juntos numa confusão só. Foi um encontro intenso que rendeu fortes aplausos, que não eram apenas para nós, mas para todos, para o encontro! Depois do dia 10/01 nossa apresentação tomou cara de folia, nossa folia!
          
             Ó povo dessa rua,
             Que recebe esse teatro!
             Venha ver nossa folia.
             Partilhada nesse dia!

             Lembrando que dia 16/01 nos apresentaremos na Bodega Cultural, na Lagoa da Conceição. https://www.facebook.com/bodegaculturalfloripa?fref=ts